Ensino Superior Privado: Objeto Rejeitado pela Pesquisa Educacional Brasileira
Hustana Maria Vargas
RESUMO

        Este trabalho apresenta o resultado de pesquisa desenvolvida em 1997 em duas instituições de ensino superior privado no Brasil, a partir de questionário sócio-cultural respondido por vestibulandos. Dois eixos analíticos foram privilegiados: 1) a situação de classe dos alunos e suas implicações para o ensino superior e 2) a posição desses alunos e das universidades perante as pressões do sistema produtivo em face da educação. Identificou-se que a realidade da estratificação social no país, especialmente no tocante aos processos de escolarização e às perspectivas profissionais, aparece relacionada à heterogeneidade do campo do ensino superior. Entretanto, essa complexidade não se fazia acompanhar de um correspondente cuidado no tratamento do tema educação superior, uma vez que sob a mesma denominação "privadas" encontram-se situações díspares e que podem ser aprofundadas, com vantagens para os alunos e o sistema.

RÉSUMÉ

        Ce travail presente le résultat d'une recherche developpé em 1997 à respect de deux institutions d'enseignemente supérier privés du Brasil, à partir des résponses d'um questionnaire sócio-culturel d'éléves. Deux axes analytiques sont étés détaches: 1) la situation de classe sociale des éléves et son application pour l'enseignement supérieur et 2) la position de ces eleves et des universités face aux pressions du systéme productif en relation à l'éducation. Il est attiré l'attention sur l'absence bibliographique du theme à l'époque et il est debaté sur la realité de la stratification sociale dans le pays relationné jusqu'a l'héterogénité du domaine de l'enseignement supérieur. On a aperçue que sous la denomination privés nous trouvons de situations complétement différents et qui peuvent être approfondies, avantageusement par les éléves et le systéme.

Ensino Superior Privado no Brasil: algumas questões

        A partir de meados dos anos 80, o sistema de ensino brasileiro torna-se alvo de renovadas preocupações. As gestões governamentais civis que se sucederam à ditadura, reintroduziram a educação na agenda política. No entanto, em contraste com a multiplicação das faculdades e universidades privadas no país1, não ocorreu simultaneamente um aumento de estudos sobre essas instituições de ensino.

        No trabalho intitulado O discurso sobre a Universidade nos anos 80, Sofia Vieira argumenta que "embora o seu segmento privado responda pela maioria de sua oferta, é o setor público que polariza praticamente todo o discurso que se faz sobre a universidade no período" (1991, p.75).

        Assim, como material empírico utilizou-se o questionário sócio-cultural aplicado pelas instituições aos vestibulandos2, numa tentativa de "reconstruir o perfil de indivíduos concretos, através de uma indução analítica que pudesse aumentar em relação a eles o grau de compreensão científica e até da própria universidade, como conseqüência" (Whitaker, 1989: VIII).

        Nesse estudo, destacaram-se duas universidades no Rio de Janeiro: a Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio ou apenas PUC) e a Estácio de Sá (UNESA)3. São duas instituições privadas de grande expressão na cidade, que em dado momento - anos 70 e 80 - cresceram significativamente.

As Universidades estudadas

        Criada em 1940, a PUC é uma das instituições de ensino mais tradicionais do país. Firmada em uma imagem de qualidade e responsabilidade social, tem superado fases difíceis ao longo de sua história. Seu brasão ( Alis grave nil: nada é pesado para quem tem asas ) estampa esse espírito de superação, e a pretensão de uma dupla elevação: de ordem científico-acadêmica e espiritual-moral.

        Constitui-se numa das poucas universidades brasileiras com gestão privada dos recursos (anuidade dos estudantes, integração com empresas, fontes públicas, parcerias) que desenvolve pesquisas acadêmicas equiparadas às do setor federal. Nestas circunstâncias, a busca da excelência e relevância é indispensável para a manutenção da competitividade e do seu diferencial, como garantidores de sua própria sobrevivência.

        Funcionando desde 1970, a Estácio de Sá, em seu nome, homenageia o fundador da cidade do Rio de Janeiro, sinalizando uma valorização da ação pioneira. Instalou os primeiros cursos de Turismo e Hotelaria, o primeiro curso superior de Arqueologia, criou o curso de Executivos, inaugurou a primeira creche em uma instituição de ensino, abriu a primeira rádio FM universitária. Diferentemente de outras instituições assemelhadas que estabeleceram suas bases em cursos tradicionais da área de humanidades, a UNESA, ainda como Faculdades Integradas, procurou se legitimar neste perfil inovador, com a criação de cursos pouco difundidos: Fonoaudiologia, Música e Relações Internacionais. Este fato se constitui numa referência que ela procura divulgar, tentando marcar seu perfil como universidade dinâmica, que oferece cursos diferenciados e direcionados para o setor terciário, inclusive convergindo com a economia regional da cidade e do Estado onde se insere.

        No nono Seminário Nacional das Novas Universidades Brasileiras (IX SENNUBRAS), o então reitor proferiu discurso em que bem situa a posição da UNESA a esse respeito, falando de uma "vocação" original diferente da apregoada pela PUC, por exemplo. Após comentar que nos Estados Unidos existem universidades de ensino e pesquisa, considera que

 
não temos como proceder à divisão dos norte-americanos, por isso teremos de ter o cuidado de estudar fórmulas combinatórias ótima, matizadas por nossos departamentos. Um docente não pode ser, ao mesmo tempo, ativo professor de classes e, além do mais, um pesquisador de escola, consagrado às tarefas da ciência. Além de utópica, pareceria até indesejável tal combinação de tarefas. A que finalidade atenderia atribuir-se a um pesquisador produtivo, que produz e publica com regularidade, uma carga excessiva de aulas expositivas? Por que mutilar as atividades de extensão de um docente que proporciona fértil interação da universidade com a comunidade que o rodeia tentando induzi-lo à busca de conhecimentos ainda não disponíveis? Cabe aos departamentos fixar as linhas diretórias e colocar ênfases corretas, porque temos a obrigação de conciliar as duas funções acadêmicas, dentro de nossa realidade financeira (grifo meu).
Questões do trabalho

1 - Foram sublinhadas questões relativas a uma sociologia da escolarização que permeiam o tema, através do enfoque da relação das classes médias - cliente majoritária das universidades - com a escola. Essa abordagem, focando na interação de certa camada social com a escola, introduz o eixo analítico "capital cultural" com suas nuances e derivações, tal qual formulado por Bourdieu (1974 e 1989). Especificamente, indagou-se: quem são estes alunos? Quais são suas referências sócio-educacionais e como as encaminham na direção da universidade? O que esperam da universidade privada? Por que a procuram?
2 - Discutiu-se a problemática que atravessa o ensino de terceiro grau privado no Brasil, superior quantitativamente, e se consolidando como tendência: o que representam esses novos atores? Quais são seus padrões? Para onde direcionam o ensino superior? Que tipo de formação está sendo veiculado por estas escolas? Enfim, que características possuem estas instituições que marcariam sua prática, sabendo-se que há setores sociais, principalmente relacionados ao setor produtivo, interpelando diretamente a educação como instrumentalizadora necessária de suas necessidades, relacionadas a uma mudança de paradigmas organizacionais, tecnológicos e produtivos? Como isso se reflete nas expectativas dos estudantes acerca da universidade? E quanto a essa lógica, como instituições e alunos a representam? Qual sua pertinência e relevância no contexto educacional brasileiro?

As escolas e seus alunos através do questionário sócio-cultural

        A fim de analisar estas questões, operou-se uma leitura dos questionários em três blocos:

1 - Referências socioeconômicas do estudante. é onde se buscou captar a conformação e a dinâmica das classes médias em relação à preparação para a escola. Procurou-se perceber, através dessas questões, como o aluno incorpora os requisitos para a vida escolar. Esse primeiro bloco de questões foi subdividido segundo o que acreditamos constituir internamente o processo, a saber:a) sua base ou referência socioeconômica, b) suas condições de escolarização.
2 - Num segundo momento, o aluno posiciona-se quanto à universidade e ao ensino superior, veiculando o conjunto de disposições de classe atinentes à escolaridade, a partir de considerações sobre seu futuro mediante o contexto produtivo.
3 - Finalmente, analisamos algumas questões sobre as instituições aqui destacadas, a PUC-Rio e a UNESA, como forma de situá-las no campo da educação superior no Brasil, dentro das perspectivas anteriores.

a) PUC-Rio

1-1 Caracterizando o aluno da PUC. A base do processo.

        Para proceder a essa discussão, utilizamos referências, relacionadas à instrução, ocupação e renda. Por elas, pode-se dizer que não há dúvidas de que estamos diante de um cenário composto pela e para a classe média4.

        Os pais desses estudantes cursaram o superior completo, em sua maior parte - 70,80% para pais e 55,86% para mães -, o que revela a maior presença masculina que feminina na universidade, para essa geração de pais. Os pais trabalham, assim como as mães. Com relação à ocupação, os maiores percentuais aparecem justamente na média do espectro, no caso do pai, ou seja: as maiores incidências são relativas a direção, administração ou gerência de pequenas, médias e grandes empresas, ou de profissões que exijam instrução superior. Os extremos (grandes e pequenos proprietários), ou as ocupações manuais, são minoria. Isso nos fala da presença maciça de pais que baseiam sua profissão no título ou habilitação relativa a curso superior, sendo assalariados ou profissionais liberais. Quanto às mães, são majoritariamente trabalhadoras em profissões que exijam instrução de nível superior, ocupação de nível médio ou donas-de-casa.

        A respeito de renda total da família, 79,57% auferem entre 10 e mais de 50 salários-mínimos, o que se traduz, para 1997, em algo em torno de R$1.200,00 e R$6.000,00 ou mais. As famílias dos estudantes da PUC são pequenas, vivendo, em média, 4 pessoas com essa renda: pai, mãe, dois filhos. Habitam residências próprias, que possuem acima de 4 dependências.

        Bourdieu reconhece que a propensão a investir no mercado escolar depende de mais de um fator. Além do volume do capital cultural possuído (entendido como montante, densidade, quantidade do capital) ou do sucesso escolar anterior, atual ou esperado, deve-se considerar a estrutura do capital familiar, ou seja, a composição do capital global (econômico, social, lingüístico, religioso etc) de um indivíduo ou grupo. Isto se explica porque quanto maior for o peso relativo do capital cultural na estrutura do patrimônio, maior será a propensão a investir no mercado escolar porque será principalmente nele que se baseará o processo de reprodução desse patrimônio.

        Em outras palavras:

 
interesse que um agente (ou uma classe de agentes) tem pelos estudos (e que é, juntamente com o capital cultural herdado, do qual ele depende parcialmente, um dos fatores mais poderosos do sucesso escolar),depende não somente de seu êxito escolar atual ou pressentido (i. e., de suas chances de sucesso dado seu capital cultural), mas também do grau em que seu êxito social depende de seu êxito escolar (Bourdieu apud Nogueira, 1995, p.10).

1-2 Algumas características pessoais do aluno, relacionadas à escolaridade. O processo em curso.

        A faixa de idade dos inscritos situa-se preponderantemente entre 16 e 23 anos (94,21%), e a moda é 18 anos. Isso nos fala de um candidato que atravessou sua vida escolar sem reprovações, isto é, não conheceu o fracasso escolar. Nesse sentido, a idade funciona como proxy de desempenho escolar anterior.

        Some-se a esse dado o de que ele é solteiro (97,05%). O estado civil, relacionado à educação, pode ser compreendido dentro da expectativa de que o aluno sem compromissos conjugais e/ou paternos teria mais disponibilidade para os estudos.

        82,98% dos inscritos não trabalham atualmente. Na sua maioria, (85,76%) cursaram o ensino médio ou equivalente todo no diurno. Além disso, quando respondem porque não fizeram cursinho, avaliam como boas suas escolas no tocante à preparação para o vestibular.

        Os dados sobre idade dos candidatos, cruzados com o baixo número de vezes que fez vestibular e raro ingresso anterior em curso superior, nos permitem inferir que esses alunos concluíram ensino médio no máximo um ano antes da realização do vestibular, o que acentua o perfil do estudante com uma trajetória escolar em conformidade com o que foi disposto para ele. O fracasso não foi conhecido (ou muito pouco), e estamos diante, assim, de um estudante "adaptado" à escalada escolar, seja em termos de linguagem, hábitos, temporalidades, habilidade: nada disso foi perdido, tudo isso se encontra disponível à continuidade dos estudos dentro desse sistema.

        Esses indicadores, na verdade, pressupõem a existência do "estudante de tempo integral", como propõe Romanelli (1994)5. Este é totalmente mantido pela família e muito mais sujeito ao seu controle. O projeto familiar volta-se para garantir-lhe uma escolarização prolongada, livre de outras injunções, o que lhe assegura uma preparação profissional adequada para enfrentar a competição no mercado de trabalho, mas limita sua autonomia, uma vez que gera a dependência da família.

        Tal projeto resulta da negociação entre os integrantes da família, e uma de suas finalidades é promover, através da produção de rendimentos, a mobilidade social do grupo doméstico e de cada um de seus componentes. Não é, portanto, algo fixo e estabelecido de uma vez por todas, e sim variável de acordo com a inserção da unidade doméstica em um determinado estrato das camadas médias.

 
O projeto familiar pressupõe uma determinada percepção que seus integrantes elaboram, de modo bastante objetivo, acerca da posição da unidade doméstica no conjunto da sociedade, e a partir da qual organizam estratégias visando conquistar melhores posições no mercado de trabalho para poder ampliar ou melhorar o consumo de bens materiais e simbólicos. De fato, o projeto familiar contém uma avaliação da família, da sociedade e das relações entre ambas, mediadas pela integração de seus integrantes no mercado de trabalho. A própria reprodução social da família é pensada de modo específico pelo qual ela avalia e apreende o movimento de reprodução da sociedade, tanto em sua dimensão social, quanto no domínio cultural (idem, ibidem: 47).

        Esse grupo incorpora a elite dos estudantes de um país, formado pelas melhores escolas, e que pretende continuar inserido nesse padrão de qualidade. Está preparado para isso, e continuará investindo durante um bom tempo em sua formação. O conjunto dos estudantes que não pretende trabalhar enquanto faz o curso superior, somado aos que pretendem realizar apenas estágio para treinamento, ou trabalhar somente nos últimos anos de estudo, é de 60,88%. Essa relação vai apontar para um aluno tanto desobrigado do trabalho quanto "obrigado" a tarefas correlacionadas com a escolarização de forma geral, no tempo necessário para garantir sua qualidade.

        Assim, as famílias, a partir das informações da base econômica e da materialização de seu approach em relação à educação dos filhos - de que o não trabalho é uma decorrência - munem a prole de valores e práticas culturais que vão fazer parte de seu universo, de seu cotidiano. Ou seja: enquanto ele não trabalha, fará algo relacionado a aquisições culturais.

        Maria Alice Nogueira (1994), discutindo a relação classes médias/escola, situa a questão do tempo extra-escolar como escolarmente rentável, na medida em que essas famílias fazem deste tempo livre um tempo de atividades culturais e esportivas favorecedoras do sucesso escolar. O ethos da ascese aparece, assim, em decorrência da seriedade com que os pais incentivam as atividades culturais:

 
São aulas de línguas, pintura, dança, música, esportes variados, freqüência a bibliotecas etc, para as quais, em geral, os pais levam e buscam os filhos, e muitas vezes ficam para assistir às aulas, o que representa uma ocasião a mais de contato e conversação com outros pais de alunos. Essas atividades implicam - segundo Establet - em exercício e assiduidade (i.e. em ascese) e apresentam ainda a vantagem de promover a aprendizagem do uso do tempo, pois que trazem implicitamente, ou propiciam explicitamente, uma crítica ao tempo perdido, em que não se faz nada. Em suma, trata-se de atividades estruturadas e institucionalmente enquadradas das quais se espera auferir dividendos no plano abrangente da socialização do jovem, mas também no plano de suas condutas escolares (p. 142).

        A esse respeito, maioria atesta ler de 3 a 5 livros por ano, afora os escolares, assim como realiza leitura de jornais com alguma freqüência. Apenas cerca de 30% não freqüentam cursos extracurriculares de forma sistemática, e menos de 10% não participa de atividades artísticas e culturais, religiosas, político-partidárias ou esportivas.

        Concluindo, articulam-se todas as considerações feitas nesta seção com o que Bourdieu enuncia sobre o elevado investimento educativo que as classes médias empreendem na escolarização dos filhos. Esses investimentos muitas vezes desproporcionais a seus recursos, associados às disposições de ascese e "boa vontade cultural", normalmente concorrem para formar o estudante e candidato ideais, vitoriosos na vida escolar e no vestibular, com grandes chances de colocação profissional, de que o aluno da PUC é um exemplo.

2 - O aluno fala sobre universidade e ensino superior

        A motivação da escolha do curso tem as duas maiores incidências de respostas voltadas a "interesse real pela área" ou "oportunidade de melhor usar suas aptidões (vocação)". Mas onde ele pretende encaminhar e realizar esse interesse pela área ou suas aptidões? Em qualquer escola? Pelas respostas dos alunos justificando a escolha da PUC; não. Ela é escolhida porque "é a melhor que oferece o curso pretendido". Questões como facilidade ou não de acesso e horário mais adequado do curso não foram decisivas nessa escolha.

        Esse aluno, que deseja realizar sua vocação com qualidade, o que espera de um curso superior? A maioria deseja obter principalmente "formação profissional voltada para o mercado de trabalho". Aqui, presenciamos o fechar do ciclo das posições das classes médias com a universidade: prepara-se arduamente para nela ingressar, encarnando todos os rituais da ascese, mas com uma finalidade - a ascensão social ou manutenção de sua posição social, marcada pelo domínio de um saber qualificado e convergente com o "mercado de trabalho". Ou seja: deseja realizar sua vocação com qualidade, e isso servirá para algo - a vida profissional. Mas não se deseja fazer isto em oposição à vocação, ou em qualquer estabelecimento, o que nos sugere a forte presença da trilogia: interesse pela área/vocação-qualidade-mercado de trabalho.

        Os dois primeiros itens nos falam de uma "permissão" que os estratos elevados das classes médias possuem quanto a um maior nível de expectativa relacionado ao saber, diferenciado daquele de estratos inferiores. Há um espaço de manejo e de reivindicação típico de quem não se sente de todo submisso às contingências sociais e materiais da vida, possibilitando a colocação cuidadosa dos temas área/vocação e qualidade. Do lado das elites com altas doses de capital cultural, correspondentes aqui às camadas elevadas dos estratos médios, verificar-se-á a presença de uma atitude em relação à cultura "mais natural, desinteressada, descontraída, segura, desenvolta, livre (isto é, menos escolar). Em suma, mais 'diletante', como aquela que se tem como um bem de família" (Bourdieu apud Nogueira, 1994: 6). Respostas ao questionário mencionando uma intenção de realizar uma vocação científica voltada para a pesquisa na universidade, podem ser fundamentadas nessa explicação, principalmente considerando-se a extração de classe desses alunos.

3 - A PUC no questionário

        Indagado sobre como teve conhecimento do concurso vestibular da PUC, responde: "por meio de colegas" e "por indicação de meus professores", as quais nos remetem ao universo das comunicações intraclasse. Especialmente caberia frisar a divulgação da universidade por professores, o que se constitui, possivelmente, num indicador de respeitabilidade da instituição no mercado acadêmico.

        Quanto à questão sobre a escolha da PUC, o que chama a atenção é o fato dos alunos marcarem a qualidade da instituição como seu grande atrativo, sem a ter freqüentado. Não se acredita, por outro lado, que façam uma investigação in locu sobre grades curriculares, orientação pedagógica etc. Assim, mais realçada fica a questão da imagem da instituição, veiculada pelo conjunto de agentes que permeiam o cotidiano dos estudantes que procuram a PUC.

b) UNESA

1-1 Caracterizando o aluno da UNESA. A base do processo

        A grande maioria - mais de 70% - de pais e mães dos respondentes possui escolaridade relativa pelo menos ao ensino médio. Tomando-se apenas os pais, encontram-se especificamente 52% com nível superior (superior completo e pósgraduação). Com relação às mães, esse número cai para 38,4%. Isoladamente, entre as mães, a faixa de escolaridade dominante foi a de ensino médio, enquanto entre os pais foi na faixa superior completo. Observa-se entre esses pais e mães de alunos uma diferença de escolaridade em detrimento da situação da mulher, como observado na PUC, só que ligeiramente mais acentuada. Talvez isso se deva ao fato de que os alunos dessa instituição sejam em média um pouco mais velhos e tendo pais também mais velhos, não teriam participado de um processo de ampliação do ensino superior. Ou pela própria situação de renda, também inferior à dos pais da PUC, caracterizando trajetórias de vida diferenciadas, possivelmente em direção oposta à escolarização regular, principalmente para as mulheres de gerações anteriores.

        54% da renda se concentra no intervalo de 6 a 20 salários mínimos, algo entre R$720,00 e R$2.400,00, o que dá uma média de R$1.560,00. Entretanto, as opções vizinhas a essas, ou seja, "de 2 a 5" e "de 11 a 20" , e mesmo "mais de 30" salários também são expressivas. O item que mais congregou respostas (a moda) foi "de 6 a 10 salários mínimos" (na PUC foi "mais de 50 salários-mínimos").

        Temos, neste caso, aqui alguns elementos problematizantes:

a) a questão refere-se a "renda mensal de sua família". Entretanto, sabe-se que 45,4% dos vestibulandos exercem alguma atividade remunerada. Este fato nos remete a uma complexificação da resposta, já que para boa parte dos respondentes, sua própria renda estaria aí incorporada. Nesse sentido, é bastante comum se ouvir entre alunos, principalmente do turno da noite que, embora muitos morem com os pais, provêem seu próprio sustento, pagam as mensalidades da escola, custeiam material de estudo etc.
b) em segundo lugar, se observarmos que todos os itens de respostas são assinalados, nosso intervalo de respostas fica bastante amplo, concentrando-se entre 2 a mais de 30 salários, o que implica numa grande variedade de padrões de renda familiar entre esses candidatos. Este fato começa a introduzir um elemento caracterizador do aluno (e da instituição) que é a sua heterogeneidade constitutiva, que será detalhado posteriormente.

        Esses dados indicam alunos que estão situados nas camadas médias da sociedade, em intervalo mais amplo e com médias de salário inferiores aos da PUC. Estes níveis inferiores de renda e instrução, somados ao elemento trabalho desempenhado por grande parte do estudante, encaminharão os projetos familiares desses estudantes numa direção um pouco diversa daquela apontada para os da PUC.

1-2 Características do aluno, relacionadas a trabalho. O estudantetrabalhador e o trabalhador-estudante

        Assim é que, em adesão a esse ethos, muitos alunos da UNESA procuram compatibilizar estudo e trabalho. Dessa forma, o número de vestibulandos que afirma "não estar exercendo atividade remunerada no momento" é de 54,5. O que importa destacar, nessa questão, é que o número dos que chegam à instituição já envolvidos com algum tipo de trabalho é considerável: 45,5% de vestibulandos. Além do mais, ficamos sabendo que para 87,8% dos alunos "o curso está no melhor horário". Considerando-se que a maior parte das vagas é oferecida no turno da noite, esta informação aponta para o uso das outras partes do dia em outras atividades, das quais o trabalho certamente ocupará lugar privilegiado.

        Dentro da tipologia dos estudantes proposta por Romanelli (idem, ibidem), estes estudantes podem ser caracterizados como estudantes-trabalhadores ou trabalhadores-estudantes.

        Se o estudante já trabalha, mas continua a ser parcialmente mantido pelos pais, considerando o auxílio financeiro recebido como obrigação parental, constitui-se no estudante-trabalhador. Não raro, desempenha suas atividades sem maiores envolvimentos com a empresa, pois pensa seu futuro profissional a partir da qualificação obtida na universidade. Comumente, trabalha em meio horário. Para os pais, a manutenção parcial destes filhos resulta num meio para exercer controle. Para o filho, a dependência é negativa, mas permite transferir parte de suas responsabilidades para a família.

        Finalmente, temos o trabalhador-estudante: a família não tem recursos para mantê-lo ou não considera prioritário o investimento na escolarização prolongada dos filhos. Este estudante não depende financeiramente da família; antes colabora com ela. Seus estudos dependem essencialmente de uma escolha sua, embora possam ser reforçados pelo incentivo familiar.

        Nos dois últimos casos, pode-se cotejar o encaminhamento da vida desses alunos com a do estudante de tempo integral, a quem atribuímos uma "docilidade" mais acentuada em relação aos projetos parentais. Entretanto, menores doses de docilidade do estudante-trabalhador em relação à família, serão compensadas por uma precoce docilidade em relação ao mercado... Nesse sentido, afirma Martins (1981) que o que traz esses alunos para o ensino superior não é a disposição de produzir conhecimentos originais ou questionar os já adquiridos e acumulados, mas a procura da apropriação imediata de informações transmitidas pelo sistema de ensino, para sua utilização em locais de trabalho.

        Mais de 60% dos vestibulandos concluíram o segundo grau de "um" a "mais de 10 anos atrás". Observe-se, nesse sentido, que a terceira opção de respostas mais escolhida é para "de 4 a 10 anos atrás". Estes números nos falam de uma maioria de alunos que interrompeu sua trajetória educacional. Novamente aqui se revela, pela distribuição de respostas, a noção de heterogeneidade do grupo, o que é reforçado quando analisamos as informações relativas à idade.

        Quanto à escola em que o segundo grau foi realizado, que embora a maior parte dos alunos também o tenha realizado em estabelecimento particular, o número da UNESA (65,5%) é bastante inferior ao (84%) da PUC. Seria previsível que encontrássemos um bom número deles que tivesse recorrido a prévestibulares, o que de fato ocorreu: 42% dos vestibulandos fizeram cursinho.

        Na UNESA, cerca de 20% dos vestibulandos tiveram alguma experiência anterior com o curso superior6. Este fato contribui para reforçar o perfil plural do aluno dessa instituição, e acena para uma outra hipótese, a de que o aluno que possui alguma experiência com o curso superior se dirige com mais freqüência ao ensino privado, notadamente se já é profissional, está trabalhando e só pode estudar à noite. Por outro lado, podemos supor que estes se consideram mais inaptos para concorrer a vagas nas escolas mais concorridas, por estar há algum tempo sem estudar. E finalmente, para além do que revela o questionário sóciocultural, é preciso lembrar um outro tipo de ingresso de alunos: por transferência de outras escolas, ou por matrículas sem vestibular (MSV), dada a sobra de vagas em muitos cursos (situação diversa da PUC).

        Os dados dos alunos da UNESA até agora trabalhados possuem uma marca que deve ser destacada: a presença de elementos opostos convivendo no mesmo espaço: população adulta x jovem, trabalhadora x não trabalhadora, alunos do diurno x do noturno, trajetórias escolares não interrompidas x interrompidas, alunos sem experiência prévia do nível superior x alunos com esta experiência prévia, egressos do ensino privado x egressos do ensino público, além da variedade na renda pessoal e/ou familiar.

2 - O aluno fala sobre universidade e curso superior

        O curso foi escolhido em função de dois grandes fatores: a realização de um ideal (44,4%) ou por motivos ligados a trabalho e emprego (32,8%)7. Percebe-se, no caso destes últimos, uma opção fundada numa racionalidade mais material ou mercadológica.

        Se a motivação da escolha do curso é plural, passando primeiramente pelo crivo vocacional e em segundo lugar pelo utilitário, quando são questionados sobre o que esperam dele, a resposta se singulariza, relacionando-se a opções que centralizem o fator trabalho. Somando-se as respostas "formação profissional voltada para o mercado de trabalho" (68,3% de respostas), e "formação acadêmica para melhorar a atividade prática que está desempenhando" (11,5%), teremos 79,8% de escolhas - que é um número aproximado ao da PUC.

        Ainda assim, de qualquer forma, destaca-se a seletividade do estudante, mesmo do estudante-trabalhador ou do trabalhador-estudante quanto ao encaminhamento de sua vida escolar. Muitos o farão de forma explicitamente utilitária, mas a maior parte deles inclui expectativas de realização pessoal quanto aos cursos, conforme declaram. Essa hipótese contribui para atenuar o pressuposto da ditadura da meritocracia, bem como o de uma subserviência incondicional às "necessidades do mercado".

        Os aspectos relacionados às disposições dos alunos perante o saber e as instituições, e dessas perante seu público e o produto que oferecem, são convergentes. Como já vimos, o grupo de alunos imprime muito de suas características escolares, de seus hábitos intelectuais e de suas aspirações à escola que procuram. A escola, por sua vez, oferece um tipo de produto cultural específico. Pode-se falar, para a UNESA, como no caso da PUC, em retroalimentação de características e expectativas, obviamente diferenciadas. Assim, cada aluno procura a instituição de ensino a partir de seus projetos e possibilidades. Há uma estratégia nessa escolha, baseada em sua situação sócioeconômica e educacional atual e pregressa e em seus interesses futuros.

3 - A UNESA no questionário

        A primeira questão do questionário é sobre o local de residência do aluno, o que explicita a intenção da instituição de prospecção de demanda de mercado. A "como tomou conhecimento do vestibular", o aluno responde: através de "jornal, alunos da universidade e amigos", com destaque para a opção "jornal". No caso específico da UNESA, assim como de outras instituições privadas de ensino no Rio de Janeiro, o investimento em publicidade nos jornais de grande circulação tem sido notável. De qualquer forma, a universidade se faz presente, marca espaço, se apresenta freqüentemente à comunidade através de anúncios institucionais. Com relação às alternativas "amigos e alunos da universidade", observa-se novamente como os círculos de convivência operam como referencial para o vestibulando. Certamente esses alunos convivem com amigos e colegas que experimentam mais ou menos as mesmas condições de vida, numa espécie de confraria. Constituiriam economias e otimizações de transporte, trocas de informações intra e extra-classe o fato de estudarem nas mesmas escolas. Indicam que escolheram a UNESA pela "qualidade do ensino" (46,5%), mas é relevante, novamente, a "recomendação de amigos" (33,7%). Abordando a indicação da UNESA em função da "qualidade do ensino", deve-se acautelar novamente no sentido de sublinhar a importância dada pelo aluno para um estudo dentro do melhor nível possível, e não "qualquer um". As referências obtidas pelo aluno para a escola, além de fortemente referidas a seu meio, também apontam para um certo prestígio da instituição, dentro desse meio. Interessante apontar que o item menos marcado foi a "qualidade dos professores". Os amigos recomendariam a instituição a despeito ou à revelia dos professores? Ou nem os considerariam como item relevante nas informações prestadas?

        Concluindo, pode-se pensar em cortes hierárquicos realizados pelos alunos a respeito das instituições de ensino. Situam tanto suas condições para cursar o nível superior, quanto as instituições que podem se adequar a elas, e dentre essas, procuram a(s) que pode(m) agregar maior valor à sua formação.

Considerações Finais

        Os dados revelados por essa pesquisa refletem e ilustram a realidade da estratificação social brasileira. Numa sociedade estratificada, os diferentes estratos se posicionam diversamente, possuem visões de mundo, éticas, hábitos, expectativas e possibilidades também diversos. A existência de vários tipos de escola refletiria essa estratificação e recriaria essa diversidade. Há clientelas diversas, para escolas diversas. Os alunos da PUC e da UNESA seriam bastante representativos dessa pluralidade.

        Os primeiros, pertencentes a uma elite educacional, procurariam uma escola não apenas de excelência técnica, mas que também ostentasse uma excelência simbólica. Esses valores seriam não apenas desfrutados como relevantes no seu encaminhamento sócio-profissional. Os outros, envolvidos precocemente na rede do trabalho, procurariam a universidade adequada a suas necessidades de ascensão social e elevação de status, o que parece estar contido na escola que oferece cursos à noite, para cujo ingresso e permanência não haja maiores dificuldades, e que goze de algum prestígio no seu meio ou até mesmo na região.

        Na ausência dessa universidade, ao que tudo indica, esses últimos estudantes simplesmente terminariam sua vida escolar no ensino médio. E por esse motivo, não se pode desconhecer o papel social que as instituições privadas de ensino vêm desempenhando. Na pior das hipóteses, mesmo com as deficiências do sistema e as dificuldades do aluno, presenciamos o alargamento da base de formação da próxima geração de pais com curso superior, os quais poderão contribuir para a ampliação do capital cultural de seus filhos de uma forma mais promissora. Ou, em outro sentido, essas escolas representam, para as camadas médias urbanas mais desprovidas de capital econômico e/ou de capital cultural, um alargamento das opções institucionalizadas para colocarem em prática as suas estratégias de conquista de melhores posições materiais e/ou simbólicas (Martins, 1989).

        A presença desse conjunto de instituições atende expectativas e necessidades diferenciadas, que não devem ser desqualificadas. Corrobora com essa opinião Schwartzman (1984), para o qual

 
A fórmula é simples, ainda que de execução extremamente difícil: o que é necessário é que cada tipo de instituição assuma a responsabilidade de ser o que ela realmente é, e seja reconhecida e tratada como tal, sem tabus nem subterfúgios; que a diversidade seja admitida como algo útil, necessário, e na realidade inseparável de uma ordem política realmente democrática e pluralista (p.301).

        De forma mais impactante, vem a provocação de Hamburger (1987), em texto sobre seletividade social e vestibular, quando questiona a "balela de que a 'massificação' do acesso abaixa o nível, quando a situação é exatamente o contrário... A 'massificação' eleva o nível, não abaixa. Não é por outra razão que o Brasil é muito mais eminente internacionalmente em futebol e em samba do que em ciência." (p.155).

        Finalmente, verificou-se nos dois grupos de alunos uma preocupação com a profissionalização através da escola. Parece que a pergunta que deve ser feita é: qual deve ser o espaço da profissionalização ou do mercado no processo da educação superior, privado ou público? Partindo do pressuposto que numa sociedade de classes os interesses são multifacetados, a adoção do mercado como centro não lesaria os interesses dos que não têm as mesmas condições para competir no mercado? Esse ponto é de vital importância, dado que o saber criado e transmitido pelo sistema escolar é sempre um veiculador de poder na sociedade.

        Nesse sentido, vem o alerta procedente de Moraes (1995):

 
É fundamental essa ligação. Não é admissível que as universidades sejam meras fornecedoras de mão-de-obra tecnicamente capaz para o mercado de trabalho, nem que formem passivamente intelectuais retóricos e desligados de nossa realidade. São necessários, sim, profissionais conscientes, instrumentalizados, críticos em relação aos processos em que estão envolvidos, atentos às nossas realidades sociais, tanto quanto os pesquisadores e estudiosos que devem atuar na produção e do querer saber (p. 1-3).


1 Sua participação no conjunto das matrículas passou de 64,3, em 1980, para 70,8% em 2003 (Censo do Ensino Superior – INEP).

2 Estes questionários são elaborados, via de regra, pelas Comissões de Vestibular de cada Universidade. Este fato acaba por revelar, indiretamente, quais são as questões (ou o rapport) de cada instituição para seus candidatos.

3 No caso da Estácio, os questionários investigados foram aplicados aos alunos do seu mais antigo e maior campus à época, o Rebouças.

4 Necessário se faz pontuar que esta realidade vem se modificando em função da entrada de alunos de vestibulares comunitários. Ver a respeito, por exemplo, relatório de pesquisa da Prof. Tânia Dauster disponível em http://www.puc-rio.br/educacao - publicações.

5 Que em sua tipologia sobre os estudantes segundo sua condição simultânea ou não de trabalhadores, destaca: estudantes de tempo integral, estudante-trabalhador e trabalhador-estudante.

6 Resposta à pergunta "você já iniciou curso superior"? Sim e concluí: 1,2%; sim e estou cursando: 3,6%; sim e abandonei: 14,6%.

7 Soma de "mercado de trabalho" (17,2%) com "compatibilidade com o emprego exercido" (15,6%). Em relação a opções que tragam a marca do trabalho, explicitam essa opção na PUC apenas 15,37%.






REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

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_____________. O Poder Simbólico. São Paulo: Bertrand-Brasil, 1989.

Hamburger, Ernesto W. Seletividade Social e o Vestibular. In: Seminários Vestibular Hoje. Brasília, Ministério da Educação, 1987.

INEP. CENSO DO ENSINO SUPERIOR. Disponível em http://www.inep.gov.br.

Martins, Carlos B. O público e o privado na educação superior brasileira. In: Cadernos CEDES. Campinas, n. 25, 1991.

_________ (Org.). O novo ensino superior privado no Brasil (1964 - 1980). In: Ensino Superior Brasileiro: transformações e perspectivas. São Paulo: Brasiliense, 1989.

______________. Ensino Pago: um retrato sem retoques. São Paulo: Global, 1981.

Moraes, Flávio F. de. A universidade nos novos tempos. Folha de São Paulo, 08.01.95, p.1-3, 1995.

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_________________. Elementos para uma discussão da relação classes médias/escola. Caxambu, 17a. ANPED, 1994.

Romanelli, Geraldo. O significado da escolarização superior para duas gerações de famílias de camadas médias. Caxambu, 17a ANPED, 1994.

Schwartzman, Simon. Ensino público e ensino privado: divergências e convergências. In: Qualidade, Expansão e Financiamento do Ensino Superior Privado. Associação Brasileira de Mantenedoras, EDUCAM, 1984.

SENNUBRAS. Seminário Nacional das Novas Universidades Brasileiras. IX Seminário. Rio de Janeiro, UNESA/Gama Filho, digitado, 1994.

Vieira, Sofia L. O discurso sobre a universidade nos anos 80. In: Cadernos CEDES. Campinas, n. 25, 1991.

Whitaker, Dulce C. A. UNESP: Diferentes Perfis de Candidatos para diferentes Cursos (estudo de variáveis formadoras do capital cultural). Fundação para o Vestibular da UNESP, 1989.